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Guerra comercial entre EUA e China impacta economia global, segundo Banco Mundial
O Banco Mundial reduziu suas projeções de crescimento econômico devido à guerra tarifária promovida pelos Estados Unidos e China. Em seu relatório semestral Perspectivas Econômicas Globais, a instituição revisou para baixo a expectativa de expansão do PIB mundial em 2023, estimando agora um avanço de 2,3%, contra os 2,7% previstos em janeiro.
Caso confirmada, essa seria a menor taxa de crescimento desde 2008, excluindo períodos de recessão generalizada. O relatório aponta que os principais fatores por trás da desaceleração são os custos da “discórdia internacional no comércio”, especialmente as tarifas impostas pelos EUA. Desde janeiro, o governo Trump anunciou uma série de medidas protecionistas, taxando produtos de grandes economias e commodities específicas, como o aço.
Embora algumas dessas medidas tenham sido revertidas posteriormente, os impostos comerciais permanecem significativamente mais altos do que antes da gestão Trump, gerando incertezas no mercado. Com uma recuperação considerada apenas “morna” – projetada em 2,4% até 2026 –, a instituição alerta que esta pode ser a década de crescimento mais fraco desde os anos 1960.

Estagnação do progresso econômico
Indermit Gill, economista-chefe do Banco Mundial, afirmou ao The Guardian que o avanço econômico nos países em desenvolvimento praticamente estagnou nos últimos anos, com queda nos investimentos, desaceleração do comércio e aumento da dívida. “Fora da Ásia, o mundo em desenvolvimento está se tornando uma zona livre de desenvolvimento”, declarou.
O relatório destaca que o crescimento médio nessas economias caiu drasticamente: de 6% ao ano na década de 2000 para 5% nos anos 2010 e menos de 4% nos anos 2020. Além disso, muitas das forças que impulsionaram o “milagre econômico” das últimas cinco décadas – como a redução da pobreza extrema e a quadruplicação do PIB per capita em nações emergentes – estão perdendo força.
Chamado à ação
O Banco Mundial pede que os governos negociem o fim das tensões comerciais e recomenda que as economias emergentes fortaleçam suas finanças públicas, ampliando a base tributária e implementando reformas para atrair investimentos.
A projeção atual assume que as tarifas anunciadas por Trump em abril não serão reativadas após o prazo de 90 dias de suspensão. No entanto, a instituição alerta que, se os impostos forem maiores do que o esperado e a incerteza persistir, a situação pode piorar ainda mais. “Os riscos para a perspectiva global permanecem decididamente negativos”, conclui o relatório.